Crédito: Edson Rodrigues
A mais ousada estratégia de compra de votos já executada na história de Mato Grosso está sendo investigada pela Polícia Federal (PF), neste segundo turno da disputa pela Prefeitura de Cuiabá, a partir da descoberta de uma criativa engrenagem montada pelo candidato a prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB). Pelo modus operandi e com base na quantidade de caixas apreendidas no comitê de Emanuel, no bairro Lixeira, e na residência do vereador Alan Kardec (PT) e de sua mãe, por equipes da PF, as projeções apontam para compra de quase 50 mil votos, no primeiro turno, com previsão de no mínimo repetir o mesmo volume, neste segundo turno.
“A coordenação do Emanuel passou para cada um dos 180 candidatos a vereador a autorização para contratação de 600 eleitores, com o pretexto de que seriam fiscais, mas que, em verdade, são votos comprados”, argumentou o advogado José Antônio Rosa, coordenador jurídico da coligação Dante de Oliveira, liderada por PSDB e PSB.
“Pela quantidade de eleitores [com listas em algumas caixas tipo boxe de contabilidade], tinha expectativa em torno de 50 mil pessoas na lista. Isso significa que compraram 50 mil votos, no primeiro turno. Define eleição em qualquer lugar do mundo. No segundo turno, estão montando o mesmo esquema com os mesmos candidatos a vereador”, emendou Rosa.
O candidato a prefeito Wilson Santos (PSDB) classificou como o mais organizado esquema de compra de votos que se tem notícia e crê que a impugnação da candidatura de Emanuel, na Justiça Eleitoral, é questão de três ou quatro meses – prazo em que os documentos serão periciados.
“É um dos mais sofisticados esquemas de compra de votos já existentes. O nível de sofisticação da compra voto é tamanho que cria o cadastro com duas ou três barreiras de controle. Manda até o instituto de pesquisa MT Dados telefonar para fazer a checagem, para saber se confirma ou não ou o voto. Se confirmar paga [os R$ 50,00], senão, risca da lista. Trata-se de controle de qualidade da corrupção eleitoral”, ironizou Wilson.
José Rosa calcula que metade dos 100 mil votos de Emanuel Pinheiro, no primeiro turno, foram comprados. “Ainda acontecem diligências da Polícia Federal. Existem PFs à paisana, infiltrados, para coletar provas. E nós mesmos pedimos sigilo e queríamos se mantivesse o sigilo, porque a PF foi descobrindo. Por causa das novas investigações, queríamos manter o sigilo”, justificou o coordenador Jurídico.
“A busca e apreensão, na manhã de quinta-feira, dia 27, no comitê do senhor Emanuel, na casa do vereador Alan Kardec e na casa da mãe do vereador Alan, trazem revelações assustadoras”, justificou Antônio Rosa, ao revelar que o nicho descoberto com o presidente da Associação dos Moradores do Bela Vista, Leovaldo Castro de Pinto, o ‘Badinho’, representa apenas a ponta do iceberg.
“A desculpa de que são fiscais nada mais é do que compra de votos. Estão aí os contratos. Cheques estão prontos: basta assinar e receber”, completou José Rosa.
Todo acerto apreendido pela Polícia Federal faz parte de uma grande investigação e, depois de concluído o inquérito, os autos serão enviados para a Justiça Eleitoral.
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